quinta-feira, 27 de novembro de 2008

COTAS




Chegou o final do ano, e com ele veio uma antiga guerra, esta de armas embutidas, onde cada um dos soldados tem seu estilo. Uns choram, porque ficam nervosos. Outros, ao ficar nervosos riem.

É meus amigos começo o tão temido Vestibular...

E quando se fala em vestibular e universidade não se pode deixar de falar sobre as famosas e polêmicas COTAS. Quando lerem esta crônica, de certo, dirão que estou falando do que não entendo. Como a minha complacência, confidenciarei que estão e estarão todos corretos. Mas sejamos amistosos: pode alguém, em são juízo, afirmar que é o dono da verdade? Honestamente creio que não...

Por ser este um tema tão polêmico e que da ibope, a mídia não perdeu tempo e estes dias escutei algo que me deixou um tanto abismada digamos assim, foi a leitura de um texto de opinião sobre as cotas para afrodescendentes nas universidades brasileiras. O leitor da página entremeava ao texto comentários indignados e se fazia de santinho de pau oco. Falava a respeito da qualidade da educação brasileira e dos destinos tristes das escolas públicas. Havia um tom indignado na voz do locutor. Referia-se aos alunos das escolas públicas que, segundo ele, só vão para a escola comer, que não sabem ler e nem escrever. Dava para notar, no correr de suas considerações em torno do texto lido, que fazia o velho discurso da burguesia, a mesma charmosa que deu um jeito bem engendrado de demolir a escola pública para construir o mito da escola privada, onde nem o céu é o limite.

Outro ponto tocado no tratamento da questão foi a qualidade do professor, como se houvesse uma fábrica de professores especiais para a escola privada e outra onde são fabricados professores genéricos para as escolas públicas. Professores e outros profissionais se comportam de forma ética e moral a depender de sua formação. Indivíduos que trabalham para a educação, a saúde ou outro setor qualquer e modificam suas atitudes de acordo com a administração de seus empregos, são apenas esquizofrênicos.

É uma lástima que tantos incompetentes se metam a dar palpites e fazer cabeças em torno da educação. É incrível como na propaganda do horário político aparecem candidatos que nada entendem do processo educativo e se arvoram a resolver todos os problemas aí existentes. O mesmo não ocorre com a medicina, com o direito. Médico é médico, advogado é advogado e professor é apenas uma palavra. E quem paga o pato ??????

Radicalizar é construir um caminho para o precipício. Há coisas boas e coisas ruins por toda parte. Há jovens problemáticos e jovens exemplares em qualquer rede de ensino. Não é preciso inteligência para saber disto.

Mas, seriam, por exemplo, alunos do Ensino Médio público os play boys dos postos de gasolina / selects? Seriam alunos pobres da periferia os freqüentadores de badaladas boates regadas a bebidas alcoólicas e mais outros aditivos? Seriam também os que correm em possantes carros nas avenidas durante as madrugadas de embalo sob as grossas vistas dos fingidos guardiões da “lei seca”? Foram alunos de escolas públicas os matadores das inúmeras Aídas Cury? E os alunos que passam noitadas em bares ao redor de faculdades ouvindo som pesado em malas ridículas de carros caríssimos, quem são?


Ainda dói em meu ouvido o enlouquecido argumento daquele profissional da comunicação alertando a sociedade quanto ao perigo das cotas e ao risco de se abrir as portas das universidades de tal forma a que possam invadi-las os brasileiros descendentes dos africanos e os pobres (neste caso não importa a cor) descendentes de qualquer povo. Isto o moço disse veladamente, mas entendi claramente.

Pois fique sabendo, seu defensor dos ricos e bem uniformizados, somos os primeiros donos de tudo que você consegue ver e tocar, inclusive esta emissora pública de radiodifusão que você usa para falar mal do seu patrão: o Povo.

Ah minha opinião sobre as cotas???
Entendo que a política de cotas nas universidades, para o ingresso de alunos negros ou mestiços, é uma espécie de curativo band-aid aplicado sobre uma ferida profunda, que requer um tratamento profilático, e não, paliativo.

Além de ser equivocada, por confundir pobreza com racismo, não resolve o problema da deficiência do ensino público no Brasil.

E, o que é mais grave, contribui para a queda do nível médio de qualificação dos profissionais brasileiros saídos das universidades para o mercado de trabalho, pois, independentemente da cor da pele, permite que alunos menos preparados tomem o lugar de outros com maior bagagem intelectual.




3 comentários:

Anônimo disse...

Menina
carinha de santinha mais com um grande poder nas mãos hem ....
PARABÉNS PELOS BELOS TEXTOS. PELO POTENCIAL, CONDUÇÃO, E MENSAGENS DOS SEUS TEXTOS, MUITO BEM ELABORADOS.

Anônimo disse...

Isso faz parte do processo social do nosso país.Ainda não sabemos interpretar o que o próprio povo precisa, mais aprendemos desde muito cedo alimetar nossas próprias necessidades.

Anônimo disse...

Neguinha !!!
mandou ver!
rs...rs...
Rica e reflexiva
a sua indignação

bjux